quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Mensagem do Prof. Raad

Queridos,

 

Seguindo orientação do profº Uchôa, não citarei nomes, porque é certo que serei injusto com alguém. Desde meu acidente, na madrugada de sexta-feira, venho recebendo apoio de toda sorte por parte dos meus colegas, alunos, auxiliares e superiores. E aqui no leito, ditando esta carta para ser lida para vocês, me observei numa situação bastante desconfortável ao me conscientizar que durante o curso da nossa vida vamos contraindo e saldando dívidas o tempo todo. A maior parte delas, de uma forma ou de outra, acabam sendo saldadas. No entanto, as vicissitudes dessa vida fizeram com que eu criasse uma dívida com os senhores que está completamente fora das minhas condições de ser saldadas, pelo menos nesse plano terreno e não vejo outra solução em remeter ao Pai para que de uma forma ou de outra possam agracia-los pela bondade e apoio a mim a minha família demonstrado.

Não há dom maior que a generosidade e a competência. Só quem está no desespero consegue avaliar a importância de uma palavra e de uma mão amiga que aos poucos vai nos tirando da escuridão e que nos fortalece e nos orienta para continuarmos nossa trajetória que, se apesar de tudo ainda não acabou, significa que ainda temos coisa para fazer.

Existem profissões melhor ou pior posicionadas socialmente, melhor ou pior remuneradas, com maior ou menor empregabilidade, mas nenhuma delas vale um cisco se seu operador não tiver em sua mente e em seu coração a compaixão e a responsabilidade pelo outro.

Nesses anos todos em que servi ao curso sempre procurei primar pelo respeito, transparência, amizade e amor por todos os que me cercam, ainda que não tivesse contato constante. Ver uma aluna entrar adolescente, cheia de espinhas, e participar de sua formatura sabendo que dali está saindo uma mulher preparada para auxiliar e avaliar sofrimento alheios, explodia em meu coração sentimentos dicotômicos de alegria e de tristeza. De alegria por ver alguém instrumentalizada, amadurecida com todas as condições para ser respeitada socialmente e com o mundo inteiro para ser desbravado, e tristeza porque muitos desses rostos pela imensidão desse mundo possivelmente jamais virei. São as coisas da vida.

Minhas forças acabam aqui...rsrs

Como disse no começo, só Deus pode recompensar o que vocês fizeram e têm feito por mim.

 

Muito obrigado.

 

Alexandre Raad

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